A carta enviada por Snowden para o Brasil me fez pensar em algo que vinha refletindo há um tempo. O Brasil, envolvido por sua vontade desmedida de conseguir uma vaga no conselho de segurança das Nações Unidas, lança mão de um marketing político, vendendo a ideia de país pacífico, que age com legitimidade, diplomático, e benevolente para com seus pares. Não estou dizendo que não seja tudo isso, creio veementemente que o Brasil é realmente digno de ser considerado um país pacífico. Porém, o que me deixa curioso, é que algumas atitudes da diplomacia brasileira vêm contradizendo essa agenda positiva, a qual o país se propõe a cumprir. Desde o fato de ter se mostrado a favor do enriquecimento de urânio para fins pacíficos pelo Irã e por não apoiar novas sanções da ONU ao país, o que causou descontentamento por parte dos Estados Unidos da América, até a descoberta dos episódios de espionagem da presidência e de outras relações estratégicas do Brasil pelos Estados Unidos, o que se tem visto é que as relações com os norte-americanos não vão lá muito bem. A questão é que há de se preocupar com eles, caso o Brasil almeje um convite para fazer parte da maior cúpula de segurança internacional. É ao menos contraditório. Por outro lado, nada mais compreensível do que uma retaliação, ou pelo menos uma cautela e repaginada nas relações diplomáticas com o país que secretamente lhe espionava. O ato americano foi de infração à soberania nacional brasileira e violador dos princípios democráticos. Foi sujo, antiético, e mesquinha a atitude do governo americano, que se orgulha de dizer que pratica uma política externa democrática, distinta da diplomacia de Hard Power do governo Bush. O que fazer nesse caso? Muitos aplaudiram a posição da presidente Dilma Rousseff ao adiar alguns compromissos diplomáticos com os Estados Unidos, outros acharam um absurdo tal ato, tendo em vista um país que deseja fazer parte do grupo dos reguladores da segurança internacional. É de fato difícil a situação do Brasil. O que fazer agora? Ceder asilo ao Snowden, que tem sido privado de sua liberdade por denunciar os crimes e infrações que o Estado Americano tem feito? Seria ético para o Brasil oferecer asilo a talvez um dos maiores inimigos do Estado americano na atualidade? Seria comum em outros tempos, seria justo e talvez até ético, mas não seria de forma alguma inteligente. E é isso que deve acontecer, como está, vai ficar, pois o Brasil está muito ocupado em manter a sua imagem de país diplomático, mediador de conflitos e exemplo para a manutenção da paz mundial. Dessa forma, vejo com dificuldade a aceitação do pedido de asilo por parte do Snowden ao Brasil. Mas não que eu esteja de acordo.

Bem -vindos ao blog Política em (dis)curso. Esse blog tem a intenção de ser um espaço de reflexão sobre a realidade política mundial. No mundo pós-moderno, onde os conceitos se confundem, e as ações políticas de indivíduos e governos legitimam discussões cada vez mais filosóficas, um blog que pretende ser sítio de debates, questionamentos e elucidações, ganha finalidade e justificativa para existir. Há que se externalizar o que se pensa! A liberdade que nos foi dada tem que ser exercida, e por isso pretendo, através de simples textos, trazer para a realidade de cada um de vocês leitores, os arranjos e desarranjos do arcabouço político-social. Não causarei polêmicas, pois não estou preocupado em vender ideias, mas sim em entender a realidade do pensamento humano e de suas ações, pois é isso que a filosofia e a política tentam desde sempre. Como tudo o que vive, estou passível a mudanças. Posso transmitir, desde os berros, vigor e coragem de um jovem sonhador, até a serenidade, objetividade e temeridade daquele a quem o tempo abraça. De qualquer maneira, serei sempre aquele que fala. Aquele que o discurso nunca será calado. Mais uma vez, seja bem-vindo ao Política em (dis)curso. Essa é uma postagem de boas-vindas e apresentação do projeto. Espero ainda esse ano concluir a primeira reflexão para postagem. Estejam atentos!